Sobre a Estratégia IA
Como aumentar as chancer de fazer do uso da Inteligência Artificial em sua empresa uma estratégia de sucesso
Nicholas Arand
6/21/20245 min read


A inserção da Inteligência Artificial (IA) nos negócios promete revolucionar a maneira como operamos e resolvemos problemas, trazendo enormes ganhos em eficiência e produtividade, bem como um potencial de crescimento inédito. No entanto, a jornada para incorporar esta tecnologia em uma organização é repleta de desafios. Alguns dos obstáculos conhecidos incluem a possibilidade de vieses de preconceitos nas ferramentas de IA, que podem ser introduzidos de forma intencional ou não, o risco do uso mal-intencionado dessas ferramentas, a necessidade de uma manutenção constante de dados e modelos, e o receio, entre os colaboradores da empresa, de terem seu trabalho completamente substituídos pelas uso de máquinas. Todos esses desafios são também exacerbados pelas expectativas desmedidas criadas por todo o hype que se faz na mídia em torno do assunto. É por conta disso que, tão importante quanto começar a usar e testar a tecnologia, é fundamental que se faça com muito planejamento e com uma estratégia sólida.
O que tenho visto em minhas prospecções é que a maioria das iniciativas para a implementação de ferramentas de inteligência artificial tendem a se limitar a pequenos projetos para atacar problemas isolados. Nada de errado em querer testar a tecnologia antes de dar um passo mais largo, eu em querer resolver rapidamente algum daqueles problemas que persistem depois de inúmeras tentativas de tratamento mas, mesmo nesses casos, uma tratativa mais estratégica do assunto poderia muito bem levar a implementação um pouco mais longe e ampliar as chances de sucesso do projeto. A tendência que noto é que se foca demasiado no aspecto técnico da solução sem dar devida atenção ao aspecto organizacional e humano como cultura, liderança e a preparação das pessoas para a nova tecnologia.
Cultura organizacional
Antes de dar o pontapé inicial em qualquer iniciativa de IA é preciso construir uma cultura organizacional que esteja preparada para receber a nova tecnologia. A receptividade a mudanças e a novas tecnologias são fundamentais, por isso é essencial que a empresa faça uma autoavaliação sincera sobre sua preparação estrutural para aceitar o desafio. Podemos tentar resumir esta preparação estrutural em duas perguntas iniciais: (1) "Você está preparado para ter uma infraestrutura centralizada de dados?" e (2) "Sua cultura organizacional valoriza o uso de dados para a tomada de decisões?". Normalmente, quem não pode responder afirmativamente à primeira pergunta também não pode com a segunda. São típicos os casos de empresas que estão acostumadas a dar mais valor a dogmas do que a análises factuais, onde as decisões são normalmente tomadas na base dos HiPPOs (Highest Paid Person's Opinion). Notem que não estou dizendo que isso não funciona. Muitas empresas fizeram sucesso, e fazem ainda, funcionando na base de uma liderança forte e autoritária. Eu apenas questiono se a implementação de IA em empresas como esta fará alguma diferença. Quem é que vai fazer bom uso da inteligência artificial quando ainda não aprendeu a valorizar a inteligência natural de sua equipe e o uso de argumentação baseada em fatos?
Liderança
Passado o primeiro crivo, a boa estratégia passa obrigatoriamente pela escolha cuidadosa de um líder de projeto, que deve ser capaz de inspirar confiança tanto em nível interpessoal quanto a nível financeiro. Uma implementação ampla de IA pode pode envolver um orçamento significativo que certamente vai envolver muitos departamentos diferentes, e com objetivos diferentes. O poder aglutinador do líder não pode ser menosprezado. Também é fundamental escolher o projeto certo para liderar o caminho. Pode-se começar com uma ideia grandiosa, capaz de transformar toda a organização e acelerar rapidamente seu crescimento, ou pode-se começar com um projeto piloto limitado, mas com resultados facilmente demonstráveis. O ponto aqui é que independentemente da escolha do projeto, o líder IA precisa ter amplo acesso a pessoas e a decisões orçamentárias, para que o desenrolar do projeto seja assegurado.
Equipe técnica
Um excelente líder com um projeto de impacto não vai muito longe sem uma equipe completamente engajada e preparada, e pasmem, o engajamento só vai surgir com uma preparação efetiva. Aqui é muito importante entender que o campo da Inteligência Artificial é muito mais generalista que especialista. A IA envolve mais que programação pura, mais que gestão e análise de dados, mais que matemática e estatística aplicada, mais que ética e experiência de usuários, mais que linguística ou processamento de imagens, mais que conhecimento de hardware e de redes. IA é um campo da tecnologia que envolve tudo isso e ainda mais, pois há que somar a esta já extensa lista, o conhecimento específico de domínio da organização (manufatura, automotiva, marketing, direito, seja o que for). Isso quer dizer que implementação de IA exige investimento na preparação de uma equipe completa, contratando novos profissionais ou enriquecendo os profissionais que já fazem parte da organização, o que pode ser mais demorado, mas é certamente mais efetivo.
Formação de base
Ainda com relação às pessoas, não podemos esquecer que esta tecnologia tem o potencial de tocar a todas, ou quase todas, as tarefas executadas na empresa. Por isso, além da criação de uma equipe técnica dedicada ao desenvolvimento da IA, é crucial promover a formação generalizada dentro da organização no contexto IA. Isso significa capacitar todos os colaboradores, da operação mais básica ao CEO. Os executivos e gestores devem ser capacitados para tomar decisões informadas sobre a utilização da IA, entender seus limites e riscos, bem como suas prerrogativas. Operadores devem ser treinados a operar com a nova tecnologia, implementar as mudanças, interpretar corretamente as decisões tomadas e ajudar a identificar novos projetos de otimização. Quem melhor que a pessoa que executa o trabalho para identificar onde a IA poderia ajudá-lo a fazer melhor? Essa formação abrangente é fundamental para assegurar que todos estejam alinhados e possam contribuir para o sucesso da iniciativa de IA.


O modelo do Iceberg
Acho que a maioria de vocês já viram aquela figura de linguagem muito utilizada para ilustrar os aspectos ocultos do processo de mudança, um iceberg boiando sobre as águas com 90% de sua massa submersa. Isso se aplica, obviamente, também às mudanças organizacionais e culturais em torno da Inteligência Artificial. Uma estratégia de IA bem-sucedida é formada por mais do que apenas tecnologia e tecnocratas. O planejamento cuidadoso, a gestão adequada de dados, a construção e avaliação contínua de modelos, juntamente com uma abordagem de experimentação constante, são aspectos essenciais, mas não podemos esquecer que a base para o sucesso desses esforços reside na cultura organizacional e na preparação prévia da equipe toda. Sem o envolvimento de todos os colaboradores e um ambiente que promova a inovação, as tentativas de transformação através da IA podem não alcançar seus objetivos. A cultura organizacional e a evolução das habilidades da equipe são, portanto, tão importantes quanto a própria tecnologia, pois são elas que, no final das contas, determinam o sucesso ou o fracasso de sua implementação.
Quer uma ajuda para criar a sua estratégia de IA? Precisa de ajuda para preparar o seu público, de operação aos mais altos executivos sobre os diferentes aspectos, riscos e vantagens da Inteligência Artificial? Entre em contato conosco e ficaremos felizes em discutir as possibilidades.